Terceira Margem Grupo de Teatro

TOCAIA inspira-se no universo regionalista, especialmente, nos contadores de causos do interior do Brasil, nos autores de literatura de cordel, nos repentistas e trovadores da música popular. Esses narradores dão um colorido especial a suas histórias, emitindo opiniões, conceitos e preconceitos sobre o mundo em que vivem. Esse foi o ponto de partida para encenação, que simula a contação de um causo, no qual três atores relatam a representam um crime de sangue.
A atuação tem um tom anedótico, fabular, alternando comentários e narrações, diretamente dirigidos à plateia, de forma predominantemente farsesca.

O Projeto "Teatro como veículo de diálogo sócio-cultural" tem como premissa a troca de experiências entre os atores do Terceira Margem Grupo de Teatro e comunidades populares, para a construção de conhecimentos artísticos sobre a brasilidade.

O Teatro de Rua foi escolhido como formato para as ações do projeto por seu caráter essencialmente democrático, ao encenar em espaços públicos e desenvolver temas de interesse coletivo, envolvendo diferentes classes sociais, numa situação espetacular em que o espectador pode manifestar-se diretamente.



quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O teatro de rua e a democratização cultural


O TEATRO DE RUA é mais do que uma modalidade de representação, é o veículo por excelência, para a busca da democratização da arte teatral no século XX. Segundo os principais teóricos do TEATRO DE RUA, o teatro produzido num espaço delimitado define a recepção, gera formas de atuação específicas e dramaturgias adequadas para tal, favorecendo o anonimato e a passividade do público, selecionando as classes sociais que passam a ter acesso ao teatro, gerando uma dramaturgia e atuação, voltadas para a textualidade. Essencialmente, “um teatro que sai da sala escura e vai onde o povo está”, aproxima-se da “humanidade cotidiana” ao realizar montagens em espaços públicos, com temas de interesse coletivo, envolvendo diferentes classes sociais, numa situação espetacular em que o público pode manifestar-se diretamente. Tal proposta leva a um questionamento da atividade teatral em todos os seus aspectos: a atuação busca renovar o gesto e dilatar a potencialidade do corpo e da voz; a encenação volta-se para a plasticidade e ocupação de espaços abertos, com códigos que valorizem a multiplicidade, a agilidade e transformação perante o espectador. Na rua, a dramaturgia retoma o caráter improvisacional, incorporando a participação do público e buscando linguagens que valorizam a oralidade cotidiana. Além disso, enfatiza-se a reflexão sobre a ética e política da arte teatral, repensando a relação entre o artista e a sociedade.
Se o teatro realizado em espaços públicos pode ser visto como ato de participação e cidadania, o aspecto de reunião festiva também é considerado fundamental. A noção de Festa seria o aspecto que perduraria ao longo da história do TEATRO DE RUA. Mesmo que, desde sua origem, o evento teatral tenha se definido pela construção de um edifício, o TEATRO DE RUA coexistiria paralelamente na forma de paradas, espetáculos de feira ou nas festividades produzidas pelas comunidades. O TEATRO DE RUA atual busca a união desses dois modelos: participação social e celebração festiva coletiva. Este é o ideal expresso por Eugenio Barba no MANIFESTO DE TERCEIRO TEATRO, no qual o “espetáculo que sai para a rua é uma pesquisa que se abre para o diálogo cultural, em que o artista troca com o espectador, ao mesmo tempo em que redefine sua própria identidade”.

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